Casos de abuso e violência sexual contra crianças e adolescentes são sempre chocantes e repudiados pela sociedade. Claro que não poderia ser diferente. Mas sempre que tenho conhecimento de uma situação desse porte, me questiono a cautela que o pai ou a mãe têm com a criança.
Não se trata de retirar a culpa do agressor, mas de chamar os pais à responsabilidade. Todos os dias vejo crianças pequenas andando de ônibus sozinhas, brincando nas praças sem a supervisão de um adulto, em volta de bares e lanchonetes, entre uma série de situações similares. "Gente, cadê os pais dessa menina?". É inevitável pensar isso. Por isso, por trás dos perigos a que são expostas nossas crianças, está também a nossa responsabilidade pela cautela, proteção, orientação e o básico: com quem deixamos nossos filhos?
Pensei muito nisso ontem, quando fui buscar minha filha no hotelzinho e uma das coordenadoras estava visivelmente nervosa após desligar o celular. Segundo ela, o pai de uma das 'hóspedes' - de apenas 1 ano e 1 mês - teria telefonado e disse que não poderia pegar a filha naquele horário. Pediu então que uma das funcionárias levasse a filha em casa, de táxi. Quando a coordenadora disse que não poderia fazer isso, ele então solicitou que ela colocasse a criança em um táxi e ensinasse o endereço para o motorista.
"Meu Deus! Como é que eu vou colocar uma criança de apenas 1 ano sozinha em um táxi? Com uma pessoa que ninguém conhece? Não posso fazer isso com sua filha, senhor. Me desculpe". Depois de ouvir isso, o pai da menina teria se irritado e pediu pra ela resolver 'o problema' com a mãe da menina.
Todas as funcionárias e mães que se encontravam ali no momento ficaram estarrecidas! Inclusive eu, que na hora olhei para minha filha e estremeci. Quando uma atitude como essa parte do próprio pai, é inevitável nos questionarmos que tipo de cuidado a criança recebe no dia a dia.
Todos sabemos que a maioria dos casos de violência sexual contra crianças é cometido por pais, padrastos, vizinhos, amigos etc. Pessoas próximas à família. E nas mãos de um desconhecido então? Além de outros riscos que se corre como sequestro, comercialização de crianças etc.
Voltei para casa com essa história na cabeça, me perguntando várias coisas. Será que a mãe também é assim com a criança? Será que esse pai é carinhoso com a filha? Pega no colo? Brinca? Dá atenção? O que aconteceria se a coordenadora do hotelzinho acatasse o pedido do pai? Será que o taxista iria aceitar levar a criança sozinha?
Eu fiquei tão espantada com a atitude desse pai que não quis saber o nome dele nem da criança. Por mais que evitemos, alguns julgamentos são inevitáveis.
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