Nas últimas semanas têm acontecido diversas mudanças na nossa rotina. Nos mudamos de uma casa enorme para um apartamento de dois quartos. Dessa forma, tento substituir o amplo quintal da casa onde Maria Joana se divertia pelo parquinho do condomínio. E até que ela tem aproveitado bastante e, no sentido de espaço, não cria grandes questionamentos.
Ainda estamos sem televisão, mas colocando os fatores positivos e negativos na balança, tendo a pender para os primeiros. Apesar de sentir falta de assistir ao jornal de manhã cedinho, me desvinculei da programação "aberta" e consigo me concentar muito mais nos estudos. Além disso, aproveitar o silêncio é outro ponto positivo que eu destacaria - tem me feito conversar bastante comigo mesma (mas isso é um assunto que rende vários outros posts). Quanto a Maria, ela também não pede pra assistir TV, mas sempre coloco alguns DVDs no notebook para ela assistir. E acho que, pelo fato de ela ter se desacostumado com a "onipresença" da TV, os DVDs conseguem fixar mais atenção dela, e então aproveito as brechas pra ler mais.
Sei que posso ser taxada de estimular o individualismo, mas reservei um quarto só para ela - pela primeira vez ela tem um cantinho pra chamar de 'seu'. Na verdade, ainda dormimos juntas no meu quarto. O que eu quero mesmo é mostrar pra ela a sensação de termos um espaço para brincar à vontade e que tenha a imagem do mundinho dela. Organizei os brinquedos numa estante, improvisei uma banquinha para apoiar seus livros, coloquei um quadro de giz na parede e compramos uma mesinha de plástico com duas cadeirinhas, para ela comer e fazer as atividades da escola. Assim, tendo seu próprio espaço, sinto que posso transmitir a ela a importância de mantê-lo organizado após as brincadeiras.
Tudo bem, nem sempre ela arruma tudo, mas percebo que até mesmo as brincadeiras mudaram. Com o quadro no lugar e a mesa no quarto, ela agora brinca bastante de escolinha. Os "alunos" são os bonecos e bichos de pelúcia da estante e ela criou até o "cantinho da reflexão", para onde direciona quase toda a "turma" toda ao final da tarde. Peço para tirá-los do "castigo", mas ela me diz que um bate, o outro morde e que ninguém quer pedir desculpas. Enfim, não vou me intrometer na 'pedagogia' dela. Mas o que eu percebo é que o novo espaço, configurado com "a cara" dela, tem dado mais autonomia e liberdade, além de privacidade relativa (sim, às vezes a criança quer sentir que não está sendo observada, mesmo que estejamos olhando atrás da parede).
No início, achei que as mudanças não seriam assimiladas tão facilmente por ela, mas me surpreendi. Durante uma semana (antes da mudança), conversamos bastante e expliquei que iríamos para uma nova casinha, com novos vizinhos e que as mudanças fazem parte da vida, mas que a gente continuaria sendo feliz no novo espaço. Ela simplesmente respondia: "Tá bom...". E depois que nos mudamos, ela encarou o novo espaço com uma naturalidade surpreendente para uma criança de dois anos. Entrou, observou os cômodos e adorou o quarto novo. Sem grandes problemas ou questionamentos.
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