quarta-feira, 27 de julho de 2011

Independente e emancipada

“O venerado amor de mãe é muito 
mais perigoso para a humanidade 
que todo o arsenal de armas atômicas.”
Roberto Freire e Fausto Brito 
em Utopia e Paixão – A Política do Cotidiano

Roberto Freire estava certo. Nada é mais autoritário e destruidor do que o amor de mãe. Ele é possessivo, incoerente e muitas vezes é colocado acima do bem e do mal. 

O fato de agir "segundo o coração de mãe" parece ter o poder de anular qualquer senso de ética, de cautela, de justiça, de democracia, respeito ao espaço dos filhos e até mesmo de bom senso. 

Cada vez tenho mais percepção de que uma mulher, pra ser mãe, tem que ter muito preparo psicológico. Tudo o que envolve seu filho desperta as emoções mais intensas, seja de muito amor ou de muita raiva (principalmente quando algo representa perigo).

Uma simples muriçoca que o pica no meio da noite ou o coleguinha que dá um tapa pra tomar um brinquedo da mão de seu filho viram inimigos mortais. É assim. O amor de mãe é superprotetor e, se não exercemos uma vigilância diária sobre nossos sentimentos e sobre nossas ações com relação aos filhos... o tempo será determinante em nos transformar em mães insuportáveis. Daquelas que encara como ameaça qualquer pessoa que chegue perto do filho. Esse mesmo tipo de mãe que tanto criticamos. 

Bolha de cristal não inspira companheirismo
Assim que Maria Joana passou a crescer na minha barriga, idealizei uma criação independente pra ela. Um crescimento que fizesse com que ela fosse capaz de tomar suas próprias decisões, de pensar livremente sobre a vida, mas com a certeza de que sua mãe estaria sempre por perto para ajudá-la. Não para decidir por ela, mas para ajudá-la.

Nunca quis ser uma mãe do tipo que fica vasculhando as gavetas e sacolas e que tenta ouvir as conversas por telefone. Mas aquela mãe capaz de transmitir confiança o suficiente para, como uma amiga, servir de confidente e conselheira. E assim manter uma relação franca e aberta.

Nos primeiros dias no hotelzinho, Maria chorou muito e eu chorei muito mais. Mas me segurava no trabalho pra não telefonar várias vezes ao dia, pra tentar pensar em outras coisas e procurar entender que aquele processo doloroso fazia parte da rotina que eu mesma idealizei para minha filha.

Uma filha "independente" não causa ciúmes... dá orgulho!
Independente de colos, mimos, superproteções e similares. Carinho é diferente de mimo e sempre tive isso claro em minha mente. Hoje, aos 10 meses, Maria Joana entra no hotelzinho às 8h e só volta pra casa às 18h. E, mesmo passando o dia todo longe de mim e do pai, ela se comporta divinamente independente.

Já não chora mais, interage com as outras crianças, brinca, se alimenta bem, dorme, participa dos momentos de lazer e se dá muito bem com as berçaristas. Tudo isso sem me ter por perto.

Se eu tenho ciúmes? Sou ser humano e mãe, lógico que uma pontinha de ciúme me incomoda... mas logo procuro ver o quanto essa rotina está fazendo bem a ela. Logo logo ela vai entrar na escolinha e passar por outros passos na vida que vão exigir dela a tomada de decisões, o trilhar de caminhos onde minha presença não será possível - felizmente e infelizmente.


Maria Joana comendo biscoito sozinha. rsrsrs
Preparar minha filha para o mundo cruel, inseguro e desumano - e não para uma vida segura e cor de rosa dentro da minha bolha de cristal - é um grande desafio que eu adotei pra mim mesma. E a cada dia tenho mais convicção que isso ajudará a fazer de Maria Joana uma grande mulher independente.





domingo, 17 de julho de 2011

10 MESES

Já sei, já sei.. já cansei de ouvir de todo mundo que sou uma mãe babona. Mas sou mesmo! Assumida.. a cada dia me empolgo mais com a vida de mãe. Cuidar de um filho dá trabalho, mas quando se tem amor, tudo se torna prazeroso.

Com Maria Joana eu redescubro o mundo inteiro ao meu redor. Enquanto ela se impressiona com o balançar de uma folha ou arregala os olhinhos e sorri quando vê um passarinho voando e cantando, eu também me pego curtindo aquele momento como se estivesse olhando pelos olhos dela. O mundinho lindo e encantador dela também é meu mundo cheio de cores. 

Sempre me lembro do Pequeno Príncipe (cujo livro está reservadinho aqui pra Maria Joana) quando ele diz que "parece que os adultos se esqueceram que um dia foram crianças". É verdade, a vida burocrática do trabalho, das tarefas domésticas, entre outras coisas, nos faz deixar de lado o encanto pelas coisas simples, a admiração pelo singelo.

Agora com 10 meses, Maria Joana descobriu que pode ficar em pé, apoiada em alguma coisa. E o interessante, ela só se arrisca em cima de algum colchão ou no sofá, porque já percebeu que, se cair, não se machuca. Bastou bater a cabeça uma vez tentando ficar em pé.. depois disso, só em solo confiável. rsrs.

Também já identifica os nomes às pessoas e/ou animais. Quando eu falo "Sassy", ela olha para o chão, procurando a gata daqui de casa. Já trata logo de franzir a sobrancelha quando vê alguém segurando algum brinquedo seu, segura a própria mamadeira e lambe a tampa do canudinho. 

E adora biscoito. Como ela come biscoito se não tem dente? Fica chupando até amolecer e então "morde" com a gengiva. Não é porque não sabem falar que essas pequenas ferinhas não tem estratégia de ação. 

MJ e sua tática infalível de comer biscoito
Bom, pra comemorar mais um mês de vida, compramos doces, frituras e refrigerantes (como sempre) e batemos o bom e velho "Parabéns pra você!". E quem mais gosta dessa farra? Riquinho e Cacá, óbvio! Decoraram a mesa e animaram a festa. =)

As ferinhas administrando a comemoração

Pose pra cantar parabéns!

E os parabéns, claro! haha


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Solidariedade

Eu estava assistindo o jornal na companhia de meus sobrinhos Riquinho (6 anos) e Clarissa (4), além de Maria Joana, quando passou uma reportagem sobre um recém-nascido que havia sido abandonado em uma viela, numa cidade que não me lembro agora. Quando a reportagem acabou, Riquinho cruzou os braços com indignação e balançou a cabeça num movimento negativo:

Riquinho: "Rapazz..."
Eu: "Que foi?"
Riquinho: "Isso 'devia' ser crime.. deixar um bebezinho.."
Eu: "Tadinho né, Quinho? Com fome, frio..."
Clarissa: "E se ele 'cholar'?"
Eu: "Ele tava chorando.. você não viu na TV ele chorando? Mas a mulher pegou ele, levou pra casa, deu comida.. ele tá bem"
Riquinho: "Poxa, um bebezinho.. tão pequenininho.."

Percebendo a tristeza deles, preferi não explorar o assunto. Mas, quando pensei que as coisas estavam encerradas... depois de uma meia hora voltaram à tona:

Riquinho: "Rapazz.. essa mulher 'devia' ser processada"
Eu: "Quem, Quinho?"
Riquinho: "A mulher que deixou o bebê na rua. 'Num' se faz não!"
Clarissa: "Cadê o bebê, 'Piscila'?
Eu: "O bebê já tá bem, outra mulher levou ele pra casa, deu comida, deu banho e ele não está mais com frio."
Riquinho: "Eu sei, mas.. poxa, é um bebezinho. Tudo bem, eu não gosto de bebezinhos, eles choram muito... mas deixar na rua..."
Clarissa: "Por que ela fez isso, 'Piscila'?

E aí, galera? Quem tem coragem de responder à pergunta sem incitar o ódio neles, sem estimular o julgamento a uma pessoa que nem conhecem, mas ao mesmo tempo sem naturalizar a situação? É complicado..

Quem pode com esses três?
Eu: "Eu não sei, meu amorzinho.. acho que ela não podia ficar com o bebê e ficou nervosa.. não tinha com quem deixar"
Riquinho: "Sim, mas.. deixar na rua?"
Eu: "É errado.. não pode. Mas a gente não sabe porque ela fez isso.." 

Clarissa logo esqueceu o assunto, mas Riquinho ainda ficou um bom tempo parado, com os braços cruzados e aquela carinha de indignação. E eu sem saber mais o que dizer. E agora, quando Maria Joana crescer? Acho que eu não tô preparada não... rsrs. 

Mas uma coisa eu acho impressionante: a capacidade desses pequeninos de se indignarem e tomarem as dores e o sofrimento de outra criança. Isso é incrível. Por que muitos perdem essa capacidade depois que viram "adultos" e, como diz O Pequeno Príncipe, "se esquecem que um dia foram crianças"?

Mães maduras

Não tem jeito. Se você está na faixa etária dos 25 e já se casou, cerca de 95% das pessoas que te encontram, vão perguntar: "E o filho? Já encomendou? Vai ter quando?" A pressão social pela formação da família é inevitável.  Ninguém foge disso. Pelo menos não na sociedade ocidental.

A aparente "ordem natural" das coisas não é tão natural assim... A máxima da infância-adolescência-faculdade-casamento-filhos-aposentadoria e etc. e tal é socialmente construída de acordo com cada cultura. E quem mais sofre com isso são as mulheres, que recebem mais pressão para a execução de determinados papéis na sociedade. 

Que o diga a jornalista Carole Galindo. Aos 34, Carole é uma mulher aventureira que acumula vasta experiência profissional e dedica boa parte de seu dia a projetos pessoais e à prática de esportes. Ela é casada há 10 anos com o economista Rogeres Melo, mas não tem filhos.

Ela diz que a cobrança para que tenha filhos é sempre grande, mas aumenta à medida que os pais dela amadurecem e os casais amigos vão gerando seus bebês. Mas garante que não se deixa levar pela pressão.
"Ainda tenho alguns objetivos a alcançar e projetos individuais, mas acho quedaqui a dois ou três anos estarei preparada e disponível para ser mãe. Quando a mulher engravida depois dos 30, está mais madura e tende a errar menos. A experiência fala mais alto nessas horas", diz Carole, que afirma estar mais paciente e tolerante.
Carole: jornalista aventureira e futura mamãe
Foto: Sílvio Rocha. 

"Quando me imagino mãe, me encanta a perspectiva de gerar uma vida, de poder experimentar um tipo de amor incondicional, sublime. É deixar um pouco de você no mundo", afirma a jornalista.

O importante para debater o assunto é ter em mente que a mulher não nasce com o objetivo de ser mãe. Seu corpo é biologicamente programado para gerir uma vida, mas isso não tira a liberdade de escolha da mulher sobre ter ou não filhos. E nem quando ter, caso seja essa a vontade dela, independente de ter ou não um companheiro.

domingo, 3 de julho de 2011

Conjuntivite.. =/

Certo dia, notei Maria Joana com a parte inferior dos olhos avermelhada. O pai e eu pensamos que pudesse ser resultado da coceira, já que ela coça os olhos "sem dó" quando tem sono. No mesmo dia, Maria Joana foi ao hotelzinho, mas voltou do mesmo jeito. 

Passei a observar, mas no outro dia pela manhã a marquinha vermelha já tinha saído. Quando a peguei no hotelzinho à noite, ela remelava muito e os olhos já estavam mais inchadinhos.

Lógico que ficamos preocupados, mas pensei que pudesse ser em consequência das fumaças e fogueiras de São Pedro. No entanto, quando vi que a situação já estava piorando, com o inchaço aumentando e os olhos ficando cada vez mais vermelhos, desconfiamos de uma possível conjuntivite.

Na última sexta, dia 1º, a levei na urgência da Unimed. Depois de quatro horas esperando minha filha ser consultada (a situação da pediatria e dos planos de saúde merecem outro post), finalmente a pediatra de plantão diagnosticou uma conjuntivite bacteriana.   

Receitou um colírio antibiótico. Tobrex, uma gota em cada olho a cada três horas. Em dois dias, os olhinhos dela já estão significativamente melhores. 


Imagem de uma criança com conjuntivite.
Foto extraída do site www.medicodeolhos.com
A conjuntivite é o tipo de doença facilmente contagiosa, já que pega pelo ar. Principalmente em crianças que, como a minha filha, frequentam creches ou hoteizinhos. O negócio é não entrar em desespero e proceder corretamente com a medicação, que o problema logo é sanado. Vamos repassar essas informações, né?!