segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

DIA DAS MÃES: ALINE BRAGA

Ethan é exatamente do jeitinho que imaginei durante a gravidez!”

Inteligente, observador e altamente questionador. Esse é Ethan Eliaquim, um rapazinho de sete anos que enxerga tudo ao seu redor como um grande mundo a ser desvendado com bravura e perspicácia. Acho que poderia nomear de 'coração aberto' a principal qualidade do Ethan”, derrete-se a mãe, Aline Braga, 28, que chama seu filhote de 'meu preto'.

Aline Braga apresenta seu filho: Ethan Eliaquim
Foto: Arquivo Pessoal
Na primeira entrevista de inúmeras que ainda vão rolar na seção Dia das Mães do nosso blog, a jornalista cultural nos mostra a importância de prezar por uma educação pautada na compreensão e no sentimento de coletividade.

Blog – Antes da chegada de Ethan, como era o seu dia a dia?
Aline – Eu sou jornalista, mas antes eu já fui atriz. Sou filha única até hoje, de pais separados. Morei metade da minha vida com minha mãe, a outra metade com meu pai. A partir daí fui mãe, e a maior parte do tempo de mãe, morei longe da minha família.

Blog – Qual foi sua reação quando soube que estava grávida?
Aline - Não foi nada planejado. Mas a primeira resposta oficial saiu da boca de minha mãe: ‘Line, você está grávida. Dá para ver pelo seu corpo’. Mãe é mãe. Fiquei desnorteada, literalmente, porque fui criada para dominar o mundo como mulher e profissional. Estilo independente, cheia de opiniões, de vida, do tipo que assusta o sexo oposto, que viaja quando quer, sem estar presa a nada – do tipo quase ‘tô nem aí’ e achando piegas qualquer sentimentalismo. E tenho de confessar, até certo momento da minha vida as crianças praticamente não existiam. E quando engravidei, ainda funcionava assim na minha cabeça.

Blog - Quais as pessoas que mais te apoiaram nesse momento tão complexo?
Aline - Sem sombra de dúvida, meu pai e minha mãe. Emocional e financeiramente. Foi uma decisão muito difícil a de assumir a gravidez, até por conta da condição que eu e pai tínhamos: nenhuma. Mas não posso negar, muito mais do que eu, à sua maneira, meus pais sempre estiveram ali, firmes e fortes. Conscientes do que eu ainda teria de enfrentar e acho que por isso tão compreensivos. De tudo isso o mais importante foi que depois de pensar, pensar, pensar muito, coloquei na minha cabeça que tudo funcionaria o mais próximo possível de algo planejado, no sentido da tranquilidade para a criança. Esse pensamento funcionou e funciona até hoje.

Blog - Como foi sua gravidez?
Aline - No começo eu ainda estava cursando o último semestre de UFS, antes de transferir para UFMG. Adorei estar grávida. Como gosto de comer, bati todos os restaurantes de Aracaju para que Ethan provasse ainda na barriga muitos sabores. Eu me sentia linda, super poderosa. Primeiro porque ele sugou todas as minhas carnes. E bem durante a gravidez Ethan escutou muita música. Eu ficava deitada no tapete e ouvia vários CD´s para bebês, sem contar as historinhas e as longas conversas que tínhamos. Eu contava sobre seus avós, sobre tudo. E quando o pai chegava em casa minha barriga virava um pula-pula. Incrível!

"Ethan é exatamente do jeitinho que imaginei"
Foto: Ana Lícia Menezes
Blog - Em que momento você começou a imaginar sua criança fora da  barriga? No que você mais pensava?
Aline – (Risos). Ethan é exatamente do jeitinho que imaginei. Eu não tinha essa ansiedade de vê-lo fora da barriga. Claro, tinha curiosidade, porque pela ultrassom ele era buchechudo igual a mim e queria ver também as pernocas gordinhas. Acho que por não ter essa ansiedade exacerbada minha placenta envelheceu (risos). Mas devo admitir que pensar ele fora da barriga me remetia à total falta de habilidade com crianças. Como ia fazer? Até então acho que tinha carregado apenas duas no colo em toda a vida. Depois que ele nasceu, tudo ao contrário. O instinto e o amor fazem você usar a mão, o corpo, tudo do jeitinho para deixar a criança confortável e ser amada. 

Blog - O que sentiu quando viu pela primeira vez o rostinho de seu filho?
Aline - Gente, tudo era muito novo para mim. Preciso dizer isso porque depois percebi que mesmo as meninas que não têm filhos acompanham gravidez e criação de crianças das irmãs, tias, etc, e daí sabem como funcionam as coisas. Eu não. Era como se me colocassem agora numa nave que fosse viajar à lua. Quando colocaram Ethan no meu colo (e sinto a mesma emoção até hoje) simples e naturalmente caiu uma lágrima do meu olho, depois outra e outra. Fiquei olhando para ele e quando menos esperei o levaram para lavar. É uma sensação tão forte que quando olhei para o vidrinho lá estava minha amiga Joana (nos conhecemos com 11 anos) chorando também. Sempre guardo na memória o rostinho de tranquilidade de Ethan quando ele dormia nos meus braços. É como hoje quando faço carinho nele dormindo e ele sorri.

Observador: a cada dia, uma descoberta
Foto: Oliver Garcia
Blog – Quais os ideais que você procura ensinar a Ethan?
Aline – [Por ser filha única de pais separados], sei exatamente o que é estar no lugar de Ethan, e isso pauta muito a educação que lhe dou, digamos, expansiva. No mais, acredito que três características me distinguem e, por consequência, influenciam a personalidade de Ethan: a tentativa do bom humor constante, a total repulsa a injustiças e o fato de ser uma pessoa preocupada com o ensino de um pensamento coletivo. E isso foi estimulado e quem sabe aprimorado com o nascimento de Ethan e por enfrentar a realidade de educar alguém que depois pudesse se virar sozinho.

Blog – O que vocês costumam fazer juntos?
Aline – Com Ethan gosto de brincar, jogar xadrez, andar de bicicleta, levá-lo para andar de skate, sair para comer (nós dois gostamos muito), ler, ver desenho e criticar as bobeiras que passam, ouvir suas experiências na escola e dar conselhos e de aproveitar os momentos em família (antes, lá em BH, não tínhamos). Hoje fazemos essa parte mais ‘pensativa’, antes era mais físico, ajudar a andar, a mexer em um brinquedo, a manusear algo.

Blog - Claro que você vê muitas qualidades em seu filho, mas qual a principal?
Aline - Eu não sei se vou saber nomear corretamente, mas de longe a maior qualidade de Ethan é a compreensão, o aceitar o jeito das pessoas, acho que poderia nomear de ‘coração aberto’.

Blog - Qual a melhor hora do dia para você e seu filho?
Aline - Gosto muito de qualquer hora que paramos para conversar. Pode ser quando ele vai tomar banho, quando estamos jogando, quando estamos no carro, quando vou colocá-lo para dormir. Recentemente o pai dele disse: “É muito bom sair para fazer qualquer coisa com Ethan”. Concordo com isso.

Blog - Onde ele estuda? Qual foi a melhor coisa que você acha que ele aprendeu na escola até hoje?
Aline - Ethan estuda na Nossa Escola. No ano passado o que me marcou foi ele ter adquirido uma postura diferente em relação a autoridades. Para ele hoje, a figura de autoridade é formada mais por alguém que ele respeita, que vê que entende das coisas, do que de ‘poder’ no sentido mais raso da palavra. Essa contribuição eu devo à Nossa Escola. Ao CEIA (em BH), devo à possibilidade de estudar por três anos com uma aluna que tinha síndrome de down. As professoras sempre ensinavam que ela era diferente, mas que eles poderiam aprender a se relacionar. E o Ethan me dizia: “Mãe, só não brinca com ela quando está com raiva”. Isso também foi importantíssimo.

Ethan lida muito bem com as diferenças
Blog - Qual o filme preferido dele?
Aline - Mais recentemente ‘Karatê Kid 3’ virou a paixão (ele quer ser professor de Kung Fu), mas ele adoooora também ‘Alvin e os esquilos’. Aliás, um dos lugares bons para ir com Ethan é ao cinema para ver comédia. Quando ele tem crise de riso, sem brincadeira, o cinema todo ri, sempre. 

Blog - O que mais irrita seu filho? E o que o deixa mais alegre?
Aline – Ele se irrita quando alguém não entende o que ele diz ou relata errado algo que ele falou ou fez. Ah, as tirações de onda dos amigos, a depender do que for, conseguem tirá-lo do sério também. Agora, contente ele fica quando come algo que está com vontade, passeia com os amigos, quando consegue fazer algo que é difícil para ele.

Blog - Qual o livro que ele curte?
Aline - Ethan adora livros de aventura, espião ou comédia. Acho que o que ele mais gosta é ‘O livro perigoso para garotos’. Toda vez que lemos algo desse livro, ele sente que pode fazer qualquer coisa.

Blog - O que ele faz que mais te deixa impressionada?
Aline - Realmente me impressiona a percepção dos sentimentos das pessoas nas entrelinhas das situações e como ele relata isso com tanta clareza.

Blog - Qual o lugar que ele mais gosta de ir?
Aline - Atualmente, coisas bem moderninhas: Mc Donalds e a pista de skate da orla. Se atualmente não morássemos com meu pai, diria que é o lugar que ele mais gosta. Ethan já disse milhões de vezes: “Mãe, parece que a casa do vovô foi feita pra mim”.

"Hoje sou uma pessoa muito melhor"
Foto: Arquivo Pessoal
Blog - Depois que você virou mãe, o que mais mudou em sua vida?
Aline - Com certeza sou uma pessoa melhor. Mais compreensiva e com mais noção de que muitas coisas se constroem com o tempo. Hoje entendo mais as limitações e sei perceber as qualidades das pessoas. Os planos de quando tinha 20 anos, antes de saber que estava grávida, para os 20 depois da notícia, mudaram integralmente. Hoje penso mais a longo prazo e dou importância a detalhes da convivência entre as pessoas que antes não me importavam. Ah, e aprendi a me relacionar com outras crianças também.

Blog - Se estivesse ao seu alcance, o que você gostaria de dar ao seu filho?
Aline - Viiixe, eu quero dar muitas coisas a Ethan. Uma casa bem grande para ele poder montar sua academia (se ele não mudar de ideia quando crescer). Queria lhe dar uma viagem pelo mundo quando estivesse grande, uma casa na árvore ou uma casinha só de brincar no quintal de casa. Queria poder não trabalhar para estar mais com ele.

Blog - Qual o conselho que você dá às outras mamães?
Aline - Acho difícil isso de conselho porque realmente cada ‘ser mãe’ é diferente, pela personalidade que carregamos antes e pelas condições em que temos nossos filhos. Uma coisa que meu pai me disse quando Ethan tinha um ano marca minha maneira de educar: “Para criar, use sua intuição, faça de acordo com as coisas que você acredita”. É a pura verdade. Principalmente quando são bebês, todos querem dizer como acalmar, como colocar para dormir, depois como controlar as birras. Mas é muito mais eficiente e melhor para a relação com os pais se são eles que descobrem sozinhos o que vai com a personalidade do filho e com o que eles, os próprios pais, acreditam que é o melhor. O que quer que seja, será sempre com muito carinho. Isso me lembra uma coisa dita pela Marcelo Tas, que já é pai de quatro (se não me engano): um dos ingredientes mais importantes é o afeto.

10 comentários:

  1. Esse 'ser mãe' aqui também quer participar. Ô Pri, entrevista eu, entrevista!! kkkkkkk
    Parabéns pelo blog. Criativo e cada vez melhor!

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  2. Ah, esqueci de dizer: amo essa Aline aí e esse bochechudo do Ethan tb!

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  3. Simplesmente fantástica. A entrevista ficou muito boa e a postagem também. Ótimas fotos, ótimas experiências compartilhadas, ótimo texto. parabéns para a Pri e para a Aline. Duas mães de mão cheia.
    bjooooo

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  4. Eita, estou numa entrevista muito bacana, recebi uma declaração de amor de Gil e parabéns de Michel! Tá bom até demais!
    Priscila, obrigada pela oportunidade de relembrar, como já havia dito. Gostei da 'diagramação' e das fotos que você colocou.
    Ah, e a fotinha minha em PB é do grande Silvio Rocha! 'É uma luta'!
    Beijos!!

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  5. Coisa mais linda essa entrevista. Aline e o seu "filho gêmeo" dão um grande exemplo de sintonia entre mãe e filho. A certeza que dá em quem olha pros 2 é que, acima de qq outra coisa, existe muito amor ali.
    Pilas, a entrevista ficou massa! Gostosa de se ler e muito interessante. Ainda não sou mamãe e deve demorar um pouco para ser.. kkkk Mas, quando eu for, também querooooo participar! =P Lindíssimas as fotinhass! Parabéns às duas!!
    =***!

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  6. Rebeca, eu adorei desde o começo isso de 'filho gêmeo', do seu pai. Tenho usado. ;)

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  7. Nunca vi uma expressão se encaixar tanto a um contexto: 'filho gêmeo' é demais pra esses dois.
    kkkkkk

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  8. Pri, que entrevista linda! Eu conheço os dois e me apaixonei ainda mais por eles. Deu até uma vontadezinha de ser mãe, mas só uma vontade bem pequena mesmo kkkk Ficou muito legal! Adorei!! :***

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  9. Ai, Aline... Sempre admirei muito você! Essa estrutura familiar que tu teve, mesmo de pais separados, é simplesmente imcomparável e acho que tu tá passando tudo direitinho pro seu menino, lindo. Você é uma pessoa linda. Sempre achei isso!

    Se um dia tiver coragem de ser mãe, pode ter certeza que meu maior exemplo foi e será você, depois da minha própria mãe, né? hauahua

    Grande beijo!
    ;)

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