terça-feira, 23 de agosto de 2011

Psicomotricidade

Maria Joana e seus coleguinhas do berçário ganharam hoje mais uma nova sala de integração: a sala de psicomotricidade. Até ontem eu nunca nem tinha ouvido falar nisso. Na agendinha de minha Maria, um comunicado tratava de sanar meu problema de ignorância:

Exemplo de sala de psicomotricidade
"Com base numa abordagem corporal, procura-se priorizar a relação da criança com o adulto e com o meio, buscando mostrar a importância da criatividade, do contato, da relação, da liberdade do brincar em um desenvolvimento harmônico". Ou seja, "O brincar psicomotor é uma via de comunicação, na qual a criança expressa seu desejo de ser compreendida, em uma área de segurança, respeito e acolhimento".

Pesquisando na internet sobre isso, eu entendi que é um trabalho de expressão corporal através do qual a criança cresce aprendendo a demonstrar seus sentimentos e toda a sua carga de afetividade e a própria personalidade. 

Quando fui buscar Maria Joana no berçário, entrei para conhecer a nova sala de psicomotricidade. Ai, me deu uma vontade de praticar psicomotricidade... rsrsrsrs. Muito legal, adorei a ideia. 

Trabalhando a psicomotricidade.
Foto: Site do Jardim Escola Vôo Livre
Uma das coisas que eu mais gosto no hotelzinho onde Maria Joana "se hospeda" é a sensibilidade com que as berçaristas encaram o desenvolvimento das crianças, sempre buscando compreender e estimular as emoções nos bebês. 

Como a própria Nice diz (a proprietária e tia do berçário 1), o primordial é despertar neles o sentimento de afetividade e fazer com que eles se sintam amados e acolhidos. Eu sinto uma energia muito boa em Maria Joana, sempre que ela volta pra casa. 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

No caminho para a escola...

A melhor hora do dia é quando eu levo Maria Joana para o hotelzinho. O ritual é sempre o mesmo. Desço do carro com ela no colo e a levo até a tia, que já espera na porta. Ao me aproximar do seu ouvido pra sussurrar "Hora de ficar com titia e com Deus", como falo todos os dias (com dor no coração!), ela sempre me olha e dá aquele sorriso banguelo. 

Pelo sorriso e o olhar dela, eu entendo: "Tchau, mamãe... eu vou ficar bem". Volto para o carro, pego a bolsa dela, dou mais um beijo e novamente digo que ela vai ficar com Deus. E a titia sempre diz "Amém, mamãe!". E sigo para o trabalho, querendo chorar como faço todos os dias (será que um dia eu não vou ter vontade de chorar?). 

O ritual de deixar o filho na escola
Não são ações mecânicas, mas se repetem todos os dias. Os olhares, os diálogos e os sorrisos. Todos cúmplices de uma rotina gostosa que um dia vai mudar. E por saber que um dia vai mudar é que eu curto cada segundo desses primeiros momentos do meu dia com minha princesa.

Lembrei de uma entrevista que o jornalista William Bonner deu recentemente em um programa de TV, na qual ele disse que o momento de levar os filhos à escola eram os únicos minutos que eles tinham para conversar, e por isso era o momento mais especial do dia pra ele. Seus filhos, por sua vez, disseram que, como o pai trabalha muito, eles tentavam aproveitar ao máximo aqueles minutos em que eram levados para a escola. Hoje, ao conversar com outros pais, eu vejo a importância desses poucos minutos do dia pra trocar carinhos, conversas e cumplicidade. 

Geralmente, quando deixo Maria Joana no hotelzinho, vejo outros pais parando o carro pra deixar seus bebês, observo a interação entre eles e fico extremamente curiosa pra saber o que eles conversam. Será que falam as mesmas coisas? Independente do que falam, eu percebo que os coleguinhas de Maria sempre sorriem de volta... será que todos eles 'dizem' "Tchau, eu vou ficar bem..."?

De qualquer forma, é sempre lindo. Mas, um dia específico que eu fui deixar minha Maria, percebi um carro parando atrás da gente e vi que era um dos pais se preparando pra deixar sua filha no mesmo hotelzinho.  

A mecanicidade com que o pai tratou aquele momento era de assustar. Ele desceu do carro, abriu a porta de trás, a pegou pela mão e a deixou com a tia. Sem olhar no rosto da filha, sem dizer uma só palavra... sem sequer dar um sorriso e dizer tchau. E foi embora. Paralisei e olhei pra menina com tanta dó... e ela, como se já tivesse se acostumado, simplesmente pegou na mão da tia do berçário e entrou andando, de cabeça baixa... caladinha.

Na hora, tive vontade de perguntar àquele homem se ele não tinha vergonha de ser o único pai frio e insensível do berçário. Como se deixa uma filhinha tão fofa em um lugar, nas mãos de outras pessoas, e não dá sequer um "tchau" ou "Papai volta..". Fui para o trabalho estarrecida com aquela cena, que eu percebo que é tão cotidiana..  e para aquela menina provavelmente será cotidiana pelo resto da vida. Imaginei milhares de cenas cotidianas entre ele e aquela menininha - todas frias e sem carinho.

Durante vários momentos daquele dia, tive vontade de voltar ao hotelzinho, pegar Maria Joana no colo e dizer a ela da importância que ela tem pra mim, do quanto ela me faz bem, me faz feliz e radiante todas as manhãs quando acordo e a vejo sorrindo. Tive vontade de ligar para o pai dela e dizer: "Olhe, da próxima vez que você pegar Maria Joana no colo, abrace bem, faça muito carinho e diga que ela é a pessoa mais importante do mundo pra você.. e que você só vai ser feliz enquanto ela estiver bem". 

Pensei em relatar a cena e dizer que ele era um homem morto se um dia fizesse como aquele pai - como toda leonina dramática. Mas apenas liguei e comentei sobre a cena que tinha visto. Acho que já não precisava 'ameaçá-lo de morte'... tenho consciência de que ele jamais agirá como o único pai frio e insensível do berçário. 

Naquele dia, quando coloquei Maria Joana pra dormir, falei que ela nunca entraria na escolinha do jeito que aquela menininha entrou. E ela deu o maior sorriso banguelo, 'dizendo': "Eu sei disso".

domingo, 14 de agosto de 2011

Parabéns aos papais

Quando viramos adultos, sentimos falta daqueles dias em que tirar notas boas na escola eram nossas únicas preocupações. Mas, até chegar lá, passamos pela adolescência - e outras fases delicadas de nossa vida - entrando em atrito com os nossos pais.

Um choque de gerações, um choque de diferentes visões de mundo, um choque de personalidades distintas, um choque de opiniões... tudo se choca. Mas só vemos o nosso lado. Não conseguimos parar pra tentar entender o que se passa na cabeça de nossos pais. E não damos atenção quando ouvimos o tão manjado "Quando você tiver um filho, você vai me entender".

E é verdade. Só quando fazemos parte "do outro lado da trincheira" é que sentimos na pele o tamanho da responsabilidade de criar uma criança e tentar fazer dela um homem ou uma mulher de verdade. O que não entendemos (quando somos adolescentes) é que nossos pais são humanos como nós, erram como nós, e tem sentimentos confusos como nós. E nem sempre têm equilíbrio emocional para lidar com determinadas situações. Mas cobramos. 

Quando crescemos é que percebemos que aquela pessoa que algumas vezes nós idolatrávamos e outras nós queríamos que sumissem das nossas vidas (principalmente quando ouvíamos um não) tem qualidades e defeitos. E, a partir de então, passamos a compreendê-los mais. Assim como todos os pais, o meu tem defeitos e qualidades. E assim como todo mundo, ele tem seu jeito de amar... um jeito sisudo de amar. Mas ama. E hoje carrego em mim herança das qualidades (e também dos defeitos) que tive como exemplo. 

Parabéns ao meu pai =)
Então, parabéns ao meu pai!! Hoje é dia de lembrar os bons e maus exemplos que ele me deu. Alguns eu escolhi pra disseminar pelo mundo através da minha personalidade.. outros eu escolhi como experiência pra seguir em frente. E tenho certeza que ele também aprende muito com os meus bons e maus exemplos. 

Os pais também aprendem com a gente, viu?!. Não parece, mas aprendem


sábado, 13 de agosto de 2011

Para proteger, tem que vacinar!

Foto: Wellington Barreto/SES
“Para proteger, tem que vacinar”. Hoje começa no país inteiro a Campanha de Seguimento contra o Sarampo e a 2ª Etapa contra a Paralisia Infantil do ano de 2011. Até o dia 13 de setembro, os pais devem levar as crianças menores de cinco anos de idade para serem imunizadas contra a Paralisia Infantil e as crianças com faixa etária entre um e sete anos contra o sarampo. 

Todas deverão ser vacinadas, independente de já terem sido imunizadas alguma vez. Em Sergipe, 43 Unidades de Saúde da Família (USF) estarão disponíveis das 8h às 17h para a distribuição das vacinas. 

Infelizmente, hoje eu não poderei levar Maria Joana por conta do trabalho. Mas o papai vai acompanhá-la pra conhecer o Zé Gotinha, com a caderneta de vacinação na mão. 

Não se esqueça de levar seus filhos, são o bem maior que precisamos proteger. O sarampo pode levar uma criança à morte e a paralisia infantil deixa sérias sequelas na vida de toda a família. Não deixe sua criança fazer parte das estatísticas negativas da saúde.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O silêncio..

À medida que nossos bebês vão crescendo, ficamos ansiosos para que eles comecem a falar logo. Não vemos a hora de ouvir "Feliz dia das mães", "Feliz dia dos pais", ou "Te amo". A todo momento, as pessoas páram nas ruas e nos perguntam: "Ele já diz 'mama'"?, ou então "Qual a palavra que ela falou primeiro? Papa?".

Nos primeiros sinais de descoberta da fala - quando o bebê começa a balbuciar seus primeiros sonzinhos através das vogais -, a rotina dos papais gira em torno de repetir as palavras chave no estilo de um mantra. "Fala 'vovó'!", "Diz 'papa'". E não sossegamos enquanto não ouvimos alguma palavra semelhante.

Confesso: às vezes não me aguento de ansiedade pra ouvir Maria Joana conversando e então dividirmos momentos eternos de bate papo descontraído. Gente, por que temos tanta fixação na fala?

Não percebemos o valor do silêncio. Parece que nos viciamos em expressar tudo com palavras, gritos ou sussurros. Enquanto não sabe falar, o bebê aprende - do seu jeito - a se expressar sem precisar falar uma palavra inteira. Ele demonstra fome, sono, alegria, tristeza, cansaço, vontade de estar no colo, carência.. vontade de receber um carinho... simplesmente com o olhar e com o próprio corpo. Coisa que nós, adultos e ditos entendidos do mundo, não sabemos mais.

Não sabemos porque esquecemos a nossa sensibilidade naquele lugar longínquo pelo qual todos já passamos chamado infância. E como diz o pequeno príncipe, "agimos como se esquecêssemos que um dia fomos crianças". 

Se vamos tomar banho, temos que cantar no chuveiro. Se vamos varrer uma casa, temos que ligar o rádio. Chegamos em casa e a primeira coisa que fazemos? Ligamos a TV.. independente do que esteja passando, não ficamos no silêncio. Parece que se torna difícil aproveitar o silêncio pra pensar na vida, pra ler aquele livro, pra produzir um bom texto...

Torna-se difícil curtir um momento a dois em silêncio, deixar que os próprios olhos falem e que os corpos expressem as verdadeiras vontades. 

A cada dia me convenço mais de que temos tanto a aprender com os bebês... não somos nós que ensinamos o mundo a eles. Achamos que ensinamos, carregados pela soberba de sermos adultos inteligentes. Eles é que descobrem o mundo da forma deles, com as cores que eles querem implementar em suas vidas e interagem com as pessoas e com a natureza do jeito deles: em silêncio. 

É por isso que um sorriso de criança diz tanto. Porque é feito em silêncio. Silêncio esse que desaprendemos a transmitir.