quinta-feira, 31 de maio de 2012

"Quando nasce um bebê, nasce uma mãe"

Ouvi essa frase em uma propaganda da Johnson´s Baby e me emocionei, embora ela parece ser uma frase simples. Primeiro porque defendo a tese de que a mulher não nasce para ser mãe ou com o 'dom' de ser mãe - ou algo parecido que muita gente fala. Ser mãe é uma opção, um desejo que pode ou não se manifestar ou se concretizar. E quem deve decidir é a própria mulher.

Segundo, porque ela me faz lembrar dos momentos que me fizeram nascer enquanto mãe - a confirmação da gravidez, os exames de ultrassonografia, os chutes e principalmente o parto. E das transformações psicológicas e emocionais que a vida de mãe tem me proporcionado. 

Jamais imaginava ter um filho, por isso a notícia da gravidez me causou choque. Como não sabia quase nada, busquei informações pelo mundo virtual. Foi então que conheci vários blogs de mães que trocam experiências, compartilham seus dilemas e conhecimentos e mostram também que existem formas diferentes de criar e educar, com valores e ensinamentos muito próprios. No mundo virtual das mães blogueiras não há espaço pra manuais padronizados. E isso me encantou de  tal forma que decidi criar o meu próprio canto, para dividir e registrar minha experiência como mãe - que mais aprende do que ensina. 


Hoje, fico mega-feliz quando os amigos comentam as publicações, dão sugestões de textos e me cobram atualizações. E é graças a esse cantinho que me emociono ao dividir experiências com as pessoas, independente de serem mães ou não. Por isso fiquei tão animada quando fui convidada pra assinar uma coluna sobre maternidade em um novo caderno de variedades do Jornal da Cidade - o "Revista da Cidade", de Frank Menezes. E o tema da primeira edição é o trabalho das doulas, mulheres que auxiliam as gestantes antes, durante e depois do parto. 


Muito empolgada com esse novo desafio e espero amadurecer mais ainda nesse sentido, sempre aprendendo e melhorando. E você, o que achou da coluna? Opine e me mande sugestões de pautas. :-)

terça-feira, 22 de maio de 2012

A 'crise' dos 2 anos

Há algumas semanas, vinha percebendo em minha filha uma necessidade de impor, de contestar gratuitamente, gritar e por vezes fazer birra. Situações que ela antes aceitava tranquilamente hoje são motivo para fortes conflitos. Às vezes ela passa horas chorando por um desejo bobo que não pode ser atendido.

Lendo sobre o assunto na internet, percebi que minha filha chegou à difícil fase da "adolescência do bebê", que é quando a criança chega perto dos dois anos e sente que pode reafirmar suas vontades. E o faz de modo mais impositivo.
Demonstrar desdém à birra é uma
forma de lidar com a situação
Pensei várias formas de lidar com o problema e hoje mesmo me passou pela cabeça dar uns tapas. Mas logo percebi que, se eu batesse nela, seria um descarrego de minha própria raiva da situação. Coisa que não educa de jeito nenhum.

É preciso uma paciência de Jó pra enfrentar a situação, mas manter o autocontrole é fundamental, bem como ter em mente algumas 'sugestões':

- Não há como evitar as birras nem fazer a criança parar de chorar imediatamente. Ela vai chorar sempre que contrariada e o ideal é encarar de frente e tentar resolver o problema com paciência.

- Conter uma birra com atitudes agressivas como surra, gritos etc. só fazem piorar a situação e deixar a criança mais nervosa ainda. Confesso que por vezes me passou pela cabeça aderir aos 'tapas'.

- A insistência do diálogo é sempre a melhor alternativa. Olhar nos olhos e mostrar, com paciencia, que a criança está errada e que você não vai ceder por causa de um escândalo.  

- Se disser que a criança vai ficar de castigo, por exemplo, e ela repetir o gesto reprovável, deve-se cumprir o 'prometido' e deixá-la de castigo. Não agir como havia demonstrado antes retira a autoridade de pais.

- O 'desprezo' à birra às vezes funciona - coisa que sempre defendo. Garantindo que a criança não irá se machucar, deixá-la fazer a birra sozinha e pedir que ninguém dê atenção é uma saída que quase sempre funciona. Ela percebe que não é assim que vai conseguir o que quer e aprende a lidar com a frustração. 

    

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quem não denuncia também violenta!

A cada dia vemos mais notícias e dados sobre a violência sexual de crianças e adolescentes em vários países. Por ser difícil de quantificar, é praticamente impossível saber se a repercussão do tema e a exposição dos casos são maiores porque o abuso realmente tem aumentado ou se é porque as pessoas estão denunciando mais. É uma discussão parecida com a questão da violência contra a mulher: as mulheres estão sofrendo mais agressões ou estão denunciando mais?

A quantidade de matérias publicadas a respeito do assunto me faz questionar se estão aumentando a quantidade de atos de violência, a quantidade de denúncias ou a quantidade de campanhas. Ou se uma mistura dos três fatores.

Em Sergipe, o município de Malhada dos Bois, a 85 quilômetros de Aracaju, é a cidade que concentra o maior índice de exploração sexual de crianças e adolescentes. Outros municípios, como Maruim, já estão preparando uma programação alusiva ao Dia de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, comemorado no próximo 18 de maio.  



Confiança (?)


Muitas pesquisas indicam que a desigualdade social e a pobreza são aspectos de significativa influência sobre a violência sexual - a pobreza torna as crianças mais vulneráveis ao aliciamento. Mas outros fatores também devem ser considerados, como a violência familiar, o turismo sexual, a cultura machista que vende a ideia da mulher/criança como um objeto de prazer, o mal uso da internet etc. 

No entanto, em qualquer lugar do mundo, o contexto é relativamente parecido: a maior parte dos atos de violência sexual acontece dentro da casa onde mora a criança ou é feita por parentes e/ou pessoas de confiança da família. Mas, o que fazer para evitar?

O primeiro passo é indiscutivelmente a vigilância. Prestar atenção nos filhos, sobrinhos e outras crianças com quem se convive é fundamental. Saber com quem elas estão, deixá-las apenas com pessoas de extrema confiança é importante e acho que é o dever de qualquer responsável legal pela criação. Mas, e quando nossas crianças ficam vulneráveis diante de pessoas que justamente têm a nossa confiança? O ideal é prestar atenção nos sinais físicos e emocionais da criança todos os dias.

Crianças que sofrem algum tipo de violência sexual geralmente apresentam quadros de depressão, baixa auto estima, dificuldade de relacionamento, instrospecção, tristeza, agressividade, entre outros impactos negativos.

Crianças precisam ser protegidas, precisam ser compreendidas e têm o direito de viver em um ambiente calmo, sem agressões. E é nosso dever proporcionar isso e zelar pelas nossas crianças e, mais importante que tudo, ouvi-las. 

Araceli

O dia 18 de maio tornou-se uma referência na luta contra a violência sexual de crianças e adolescentes depois da repercussão de um dos casos de violência mais assustadores que já aconteceram no Brasil: o caso Araceli. Com apenas 9 anos, a capixaba Araceli Cabrera Crespo desapareceu da escola onde estudava para só depois ter seu corpo encontrado seminu e desfigurado, com sinais de uma imensa crueldade.
Os culpados pelo crime faziam parte de uma das famílias mais poderosas do Espírito Santos, o o que transformou o caso em um grande 'mistério' e em uma rede de corrupção e impunidade. A mãe da menina, Lola - boliviana radicada no Brasil -, é apontada até hoje como culpada indireta pela tragédia, ao mandar a menina entregar um envelope (com drogas) em um prédio em construção, onde os culpados pela violência estavam instalados.

Depois da descoberta do corpo - e do crime -, algumas pessoas que 'sabiam muita coisa' foram assassinadas, policiais e magistrados foram subornados pelas famílias dos culpados, a mãe de Araceli se mudou para outro estado e uma série de acontecimentos se desenrolaram para que a verdade não fosse descoberta. Até hoje existem detalhes inexplicados desse caso, abordado pelo escritor José Louzeiro em 1975 no livro "Araceli, Meu Amor".



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Uma nova adaptação

Adaptação no berçário é a fase mais difícil.
Foto: Alejando Zambrana
Há pouco mais de um ano eu chorava copiosamente por ter que deixar minha filha em um hotelzinho pra ir trabalhar. Na primeira semana, ela chorava de um lado e eu do outro. Me sentia culpada e pensava em pedir demissão e ficar em casa com ela. Mas logo as coisas tomaram um rumo bom e ela se acostumou rapidinho. 

Em pouco tempo ela aprendeu a caminhar, a comer no pratinho, ganhou amiguinhos, aprendeu a pintar, a se socializar com as crianças e com o tempo vários outros passinhos inesquecíveis foram dados. Mesmo ficando no berçário em tempo integral, ela por vezes não queria ir pra casa e apontava para os coleguinhas, chorando. 

Embora a mãe por vezes se sinta 'excluída' ou 'esquecida' pela criança nesses momentos, ao mesmo tempo dá uma certa tranquilidade perceber que o filho gosta do lugar onde estuda, se sente bem e às vezes quer ficar lá até por mais tempo. Mas agora a situação mudou. 

Há uma semana, Maria Joana mudou de hotelzinho e estamos naquela fase de adaptação. Como acontecia antigamente, uma chora de um lado e a outra chora do outro. As tias do hotelzinho me dizem que ela participa bem das atividades e que já não chora mais durante o dia. Mas ainda chora muito na hora que vou deixá-la.

Hoje já tivemos um avanço. Quando fui deixá-la, ela chorou, mas foi para o braço da tia voluntariamente, sem se agarrar na minha roupa. Vamos aos próximos dias. :-)               

                

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Buscando um ponto de equilíbrio

Minha filha tem uma personalidade forte e, embora eu tenha noção do trabalho que dá uma criança 'geniosa', tenho certo orgulho. Não quero que minha filha seja uma mulher submissa ou que se adeque facilmente às imposições do 'mundo adulto'. Me dá orgulho ver que ela questiona, mesmo com gestos ou resistências.  

Não quero que ela mude, mas acho tão delicado encontrar o equilíbrio que separa uma personalidade forte de uma 'criança cheia de mimos e vontades'. Ao mesmo tempo, não quero formar uma criança chata, cheia de ataques de birra e que só brinca e age da forma que quer.


Confesso que, para encontrar esse equilíbrio, às vezes é preciso muito jogo de cintura e uma certa rigidez. É óbvio que eu a ensino a respeitar e ouvir o que os adultos falam sem 'rebeldias gratuitas', mas também tento respeitar o jeito dela, os momentos em que ela quer brincar ou não e os momentos de mau humor (sim, crianças também sentem, principalmente na hora do sono ou da fome). 


Quem nunca teve que amenizar um ataque de birra?
Sou adepta da teoria que não existe um manual de condutas na criação dos filhos. A não ser que esse 'manual' seja uma fusão entre o coração e a consciência dos pais (ou de quem cria). Então, é nos momentos rotineiros que tento encontrar um ponto de equilíbrio entre o ato de ensiná-la a respeitar o que eu digo (e faço) e o cuidado para não reprimir demais o que pode ser da própria personalidade dela.


Procuro estimular quando ela quer conversar, interagir, mostrando que ela tem espaço livre para manifestar suas sensações boas e ruins, mas sem violências, sem agressões e imposições com outras crianças ou até mesmo com os adultos. Confesso que uma das partes mais difíceis é estimulá-la a dialogar e perdoar, mesmo quando se chateia com alguma criança ou algum fato normal do 'mundo infantil' (como a raiva que ela tem quando um brinquedo não encaixa no outro).


Educar também é um trabalho de persistência. Mas nos últimos meses, eu já consigo ver alguns resultados. Hoje ela já não bate mais nas bonequinhas. Ainda as joga no chão quando está com raiva de algo, mas também se arrepende do erro e procura contornar, 'pedindo desculpas'. Mesmo que eu ainda tenha que dizer algo como 'Olha a nenê chorando pelo que você fez. Pega ela no braço e pede desculpas'. Mas esse ainda é um 'trabalho' em andamento. 
Diálogo ainda é a melhor forma de educar
Quando percebo que há uma birra ou um escândalo gratuito no meio da história, não dou atenção. É difícil, mas deixo ela chorar até se calar. Ela tem que aprender a lidar com o não e com o sentimento de frustração. E com o tempo eu percebo que as birras vão diminuindo, à medida que ela percebe que não funcionam e também porque passa a lidar melhor com as 'proibições'.   


A vida de mãe tem suas diversas fases, assim como os maiores dilemas de um mês já não são mais os mesmos no mês seguinte. Então, esse é meu maior dilema atual: encontrar o equilíbrio entre respeitar a personalidade dela e não dar espaço para que ela seja uma criança mimada com ataques de histeria.