segunda-feira, 8 de julho de 2013

"Você não é minha mãe!"

Quando minha filha nasceu, tive medo de várias coisas. Entre vários mais sérios, um deles era ouvir "Você não é minha mãe" ou "Não gosto mais de você" em um momento de raiva. Achava que, quando isso acontecesse, iria sofrer horrores uma possível rejeição. Eis que ontem, pela primeira vez, ouvi essas mesmas palavras. Depois de uma maratona de desenhos animados, já estava tarde quando a chamei pra dormir. Ela se recusou e então desliguei a televisão e não dei mais chance de escolha.

Foi quando ela abriu o berreiro e em meio ao choro disse essas mesmas palavras. E não quis me dar boa noite. Ao contrário do que eu imaginava, não sofri nada. Até achei engraçado. Comecei a rir e perguntei:

- Então eu não sou sua mãe?
- Não!
- E você saiu da barriga de quem?
- De ninguém! Ninguém é minha mãe!
- Tá bom. Então quando você tiver com fome, faz sua comida sozinha, já que não tem mãe, né...
- Eu peço a meu pai. Sou filha só dele! E não gosto de você nunca mais!

Tive dificuldade de conter o riso, quando ela pegou uma revistinha e disse:

- E leia essa história pra mim! Agora!
- Não leio histórias pra quem não pede por favor e com carinho. Além disso, não sou sua mãe mesmo... 
- Leia, por favor...
- Mas eu não sou sua mãe. Você nem tem mãe... leia sozinha.
- Eu não sei ler sozinha... você é minha mãe, sim. Leia pra mim, mãe. Por favor.
- E voltou a gostar de mim? 
- É, mãe.. eu te amo.

E como toda criança interesseira, abriu um sorrisão, deu um grande beijo e ficou esperando a história. Lembrei de quando eu falava essas mesmas coisas com a minha mãe. Mas acho que não fui tão precoce quanto Maria Joana, que ainda vai fazer três anos.

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