sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quem não denuncia também violenta!

A cada dia vemos mais notícias e dados sobre a violência sexual de crianças e adolescentes em vários países. Por ser difícil de quantificar, é praticamente impossível saber se a repercussão do tema e a exposição dos casos são maiores porque o abuso realmente tem aumentado ou se é porque as pessoas estão denunciando mais. É uma discussão parecida com a questão da violência contra a mulher: as mulheres estão sofrendo mais agressões ou estão denunciando mais?

A quantidade de matérias publicadas a respeito do assunto me faz questionar se estão aumentando a quantidade de atos de violência, a quantidade de denúncias ou a quantidade de campanhas. Ou se uma mistura dos três fatores.

Em Sergipe, o município de Malhada dos Bois, a 85 quilômetros de Aracaju, é a cidade que concentra o maior índice de exploração sexual de crianças e adolescentes. Outros municípios, como Maruim, já estão preparando uma programação alusiva ao Dia de Enfrentamento à Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, comemorado no próximo 18 de maio.  



Confiança (?)


Muitas pesquisas indicam que a desigualdade social e a pobreza são aspectos de significativa influência sobre a violência sexual - a pobreza torna as crianças mais vulneráveis ao aliciamento. Mas outros fatores também devem ser considerados, como a violência familiar, o turismo sexual, a cultura machista que vende a ideia da mulher/criança como um objeto de prazer, o mal uso da internet etc. 

No entanto, em qualquer lugar do mundo, o contexto é relativamente parecido: a maior parte dos atos de violência sexual acontece dentro da casa onde mora a criança ou é feita por parentes e/ou pessoas de confiança da família. Mas, o que fazer para evitar?

O primeiro passo é indiscutivelmente a vigilância. Prestar atenção nos filhos, sobrinhos e outras crianças com quem se convive é fundamental. Saber com quem elas estão, deixá-las apenas com pessoas de extrema confiança é importante e acho que é o dever de qualquer responsável legal pela criação. Mas, e quando nossas crianças ficam vulneráveis diante de pessoas que justamente têm a nossa confiança? O ideal é prestar atenção nos sinais físicos e emocionais da criança todos os dias.

Crianças que sofrem algum tipo de violência sexual geralmente apresentam quadros de depressão, baixa auto estima, dificuldade de relacionamento, instrospecção, tristeza, agressividade, entre outros impactos negativos.

Crianças precisam ser protegidas, precisam ser compreendidas e têm o direito de viver em um ambiente calmo, sem agressões. E é nosso dever proporcionar isso e zelar pelas nossas crianças e, mais importante que tudo, ouvi-las. 

Araceli

O dia 18 de maio tornou-se uma referência na luta contra a violência sexual de crianças e adolescentes depois da repercussão de um dos casos de violência mais assustadores que já aconteceram no Brasil: o caso Araceli. Com apenas 9 anos, a capixaba Araceli Cabrera Crespo desapareceu da escola onde estudava para só depois ter seu corpo encontrado seminu e desfigurado, com sinais de uma imensa crueldade.
Os culpados pelo crime faziam parte de uma das famílias mais poderosas do Espírito Santos, o o que transformou o caso em um grande 'mistério' e em uma rede de corrupção e impunidade. A mãe da menina, Lola - boliviana radicada no Brasil -, é apontada até hoje como culpada indireta pela tragédia, ao mandar a menina entregar um envelope (com drogas) em um prédio em construção, onde os culpados pela violência estavam instalados.

Depois da descoberta do corpo - e do crime -, algumas pessoas que 'sabiam muita coisa' foram assassinadas, policiais e magistrados foram subornados pelas famílias dos culpados, a mãe de Araceli se mudou para outro estado e uma série de acontecimentos se desenrolaram para que a verdade não fosse descoberta. Até hoje existem detalhes inexplicados desse caso, abordado pelo escritor José Louzeiro em 1975 no livro "Araceli, Meu Amor".



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